Corrida Vertical Brasil 2011
http://www.corridavertical.com.br
Geral: 205ª corrida 2012: 5ª corrida
Data: 25/01/2012 –
10h48min (quarta)
Local: Novo Edifício Abril – São Paulo/SP
Distância: 24 andares
(2ª)
Tempo: 5:26
(líquido) e 5:28 (bruto)
Temperatura: sol entre nuvens, 27ºC
Valor da Inscrição: grátis
Número de peito: 234
Tênis:
Asics
Gel Equation branco (2)
Colocações:
Geral: 125º (de 165) 75,76%
Masculino: 103º (de 118) 87,29%
Categoria 41-50 anos: 26º (de 27) 96,30%
Resultado na Web:
http://www.cronoserv.com.br/resultados_info.asp?calendario_chv=845
Medalha:
Camiseta:
Foto:
Vídeos:
Relato:
Antes que algum leitor mais atento venha querer me corrigir, permitam-me
explicar o título desta corrida, segunda do dia e quinta do ano da graça de
2012. Apesar de fazer parte, cronologicamente falando, dessa nova temporada
iniciada em primeiro de janeiro, o evento é parte do calendário do circuito
mundial de skyrunning, a última etapa
do campeonato iniciado no ano anterior e que premiaria os campeões da modalidade.
Um privilégio poder estar junto das feras, ou pelo menos usando parte do
caminho percorrido por eles. Se você joga futebol, dificilmente vai ter a
oportunidade de bater uma bolinha com Pelé ou Maradona (ficou com inveja?).
Tendo sido selecionado para a primeira competição do gênero no país, em
2010 (dizem que houve, num passado distante, algumas escaladas ao topo do célebre
edifício do Banespa, mas nessa época eu ainda não era adepto), fiquei com boa
expectativa quando soube da realização de uma nova edição. Apresentei o resumo
de minha breve, mas já significativa história como praticante de corrida e
fiquei ansiosamente no aguardo do resultado. Tive a felicidade de ser novamente
um dos escolhidos. Mas, epa! Já havia também, por via das dúvidas, fechado com
outra prova no mesmo dia: a festa do aniversário da
capital paulista, cidade que sempre admirei, mas, desde que passei a ser
frequentador bem mais assíduo, percorrendo a pé por diversas vezes alguns de
seus incontáveis caminhos, aprendi também a amar, como se filho adotivo fosse.
Felizmente, apesar da necessidade de um vapt-vupt entre os dois eventos, não tive de abrir mão de nenhum
deles. Os horários permitiam isso. Mas mal terminei a minha participação nos
6,1 km nas cercanias do Ibirapuera, já me mandei com a amiga Odila, também
fazendo hoje a dobradinha de
corridas, para a Marginal Pinheiros, localização da imponente sede da empresa
do ramo editorial. Os sete quilômetros entre os dois pontos da cidade foram
percorridos com atípica rapidez. Santo feriado! Santo Google Maps! Santo GPS! Após
estacionarmos nas dependências do próprio edifício, entramos na fila da
apresentação do atestado médico (é, sem ele ninguém corria escada acima) e da retirada
do kit contendo chip e camiseta de uso obrigatório, previamente numerada e em
proporções reduzidas, para terror dos corredores mais corpulentos.
Hoje seria dia de encontrar muitos amigos. Alguns, reencontrados,
parceiros de provas idas: o Nishi, o Colucci, o Claudio Rinaldo, o Rogerio
Tavares, a Marina, o Duarte e o vizinho Alexandre, por exemplo. Mas também outros bons
camaradas que eu conhecia apenas pela telinha do computador até então: o
Carlão, o Manoel Lima e o Alan Nardi, se eu não esqueci de mais ninguém.
Corrida, seja ela vertical ou horizontal mesmo, é sempre o point da amizade. Talvez
seja esse o mais benéfico dos efeitos colaterais dela.
Se na edição anterior eu estava relacionado logo para a primeira bateria,
dessa vez teria mais tempo para me aclimatar. Havia recebido uma senha com o
número sete e poderia assistir, pelo telão e em tempo real, o suplício dos(as) companheiros(as) de
esporte degraus acima. Assim como a expressão da alegria (e alívio!) na chegada
ao topo. Bem, nem tão topo assim... Não seria dada uma explicação
oficial para tal decisão, mas, ao contrário do que ocorrera em 2010, quando
fizemos exatamente o mesmo trajeto dos corredores de elite, até o terraço do
Edifício Nestlé, desta feita seríamos poupados em seis pavimentos. Apenas o
grupo seleto iria até o 30º andar. Nós, amadores, não passaríamos do 24º. Não
sabia se me sentia feliz ou frustrado. Talvez um pouco de cada.
Outra mudança significativa dizia respeito ao número de componentes das
baterias. Não só a quantidade de participantes no cômputo geral era menor, como
também os grupos de atletas que correriam juntos. Algumas tinham dez
integrantes; outras, como a minha, até menos. Houve um atraso para o início,
disseram que pela entrada de um link ao vivo na TV. Mas não demorou muito até
sermos chamados para alinhar e receber as últimas explicações. Quando a repórter
oficial do evento perguntou, em tom de brincadeira, se éramos profissionais,
respondi, também gracejando: eu, sim! Profissional da área de informática.
Rindo por fora, mas um bocado preocupado por dentro. Tinha prometido chegar
pela segunda vez bem melhor preparado, para não sofrer tanto quanto na
primeira. E, muito sem-vergonha, mas
também surpreendido mais uma vez pelo prazo de poucos dias desde o anúncio da
vaga, não fizera sequer um treino nos cinco andares do prediozinho onde moro.
Bateu frio na barriga, naquele estilo newbie
de meados da década passada. Medo deu, é claro. Mas desistir? Só se minha saúde
ou integridade física estivesse em sério risco, o que não era o caso. Bora tentar, então!
Soada a buzina, disparamos todos, com um inusitado cotovelo para retornar e adentrar ao prédio. O trecho até o hall era bem curto, logo começava a
escadaria. Surpresa positiva foram os degraus um pouco maiores e menos
estreitos que os do prédio anterior, cabendo bem um pé tamanho 42/43. E o
ambiente em agradáveis tons pastéis, ao contrário do quase ofuscante branco-hospital do outro edifício. Se de
alguma coisa me valia a experiência anterior, era saber que certamente não conseguiria
subir correndo todos os andares. As estratégias possíveis eram basicamente duas:
começar quase andando e tentar poupar o fôlego para o final; ou subir no trote
até onde desse, apostando no máximo possível; e deixando a caminhada para os
últimos degraus. Essa segunda tinha bem mais a minha cara. Quase tudo o que fiz
de bom até hoje em corridas aconteceu mais ou menos assim. Fiquei na rabeira no começo, mas
cheguei a fazer ultrapassagens nos primeiros pavimentos. Achei que tinha
acertado na escolha.
Só não contava com a morte súbita e,
pior, precoce do fôlego. Em 2010 eu conseguira chegar correndo, ou fazendo algo
parecido com isso, até o 12º andar. Quando a respiração encurtou e eu olhei a
plaquinha na parede indicando ainda número de um dígito só, bateu pânico. Eram
andares à beça para subir na base da caminhada. O corrimão virou “corda”, sem
qualquer pudor. E incorporado foi o passo
do urubu malandro, celebrizado pelo sumidão Ivo Cantor nas maratonas e
relatos delas, só que na versão escada acima. Não estava correndo, não estava
andando, muito pelo contrário... Para
entender, só mesmo fazendo.
Tinha levado no bolso com zíper do shorts a câmera, na intenção de
fotografar ou filmar parte da escalada. Mas nem me lembrei de sacá-la. Outra
coisa de que me esqueci, essa proposital, foi de olhar para as demais placas
indicativas. A contagem progressiva,
lenta toda vida, era tudo o que eu não precisava para me desmotivar ainda mais.
O ritmo caía ainda mais a cada lance. O passo agora parecia o de quem carregava
um piano nas costas. O olhar dos staffs
posicionados nas portas até era de piedade e compreensão, mas dava vontade de
falar “vem fazer você!” para alguns, hehehehe...
A única placa para a qual olhei, por sorte ou acaso, foi a de número 23. Não
tinha a mensagem de felicitações (“você chegou!”) da equivalente na primeira
vez, mas teve quase o mesmo impacto. No último andar, pelo menos, tornaria a
fazer algo parecido com um trote. Assim como no corredor, no qual o sujeito da
organização disse que era só fazer o desvio e chegar.
Sem faixa para romper com o peito (gesto simbólico, mas de muita simpatia
na minha primeira participação), repeti a colocação: penúltimo da bateria.
Aliás, não vi o último chegar (tampouco me ultrapassar, será que ele desistiu?).
Com um tempo três minutos melhor que o de 2010, mas sete andares a menos; e
novamente a sensação de que tinha me metido a fazer algo que não era para mim.
O que, a bem da verdade, só fazia valorizar ainda mais a conclusão. Cumprimentei
todos os companheiros de bateria, parabenizando-os pela chegada ao final. As
janelas panorâmicas até permitiam um bonito visual lá de cima, mas nada
comparável ao que tivemos do terraço do prédio maior. Restou, pelo menos para
mim, a impressão de que algumas coisas boas ficaram faltando dessa vez.
A operação descida foi rápida e
ruidosa, cada qual contando suas dificuldades e táticas utilizadas. Eu, sem ter
muito o que dizer, mantive o silêncio. Lá embaixo, lamentei também a falta da generosa
oferta dos itens fabricados pelo patrocinador e sede do primeiro evento. O único item oferecido, além da medalha
(simplesmente idêntica à de 2010, mudando apenas o detalhe do ano), eram copos
d’água. Bateu muita saudade dos bombons, biscoitos, sucos e outros mimos da vez
passada. Os dois pacotinhos de biscoitos do kit pré perderam de goleada...
Ninguém vai para uma corrida só por causa do banquete. Mas é tão bom quando tem!
Fui me recompor e aguardar a descida da Odila, que fez parte da 11ª
bateria e, sem saber e receber o merecido troféu, acabaria sendo a terceira
colocada de sua faixa etária. Correu muito, chegando quarenta segundos antes de
mim e mostrando que está em grande fase e forma. Que seja um ano de muitas
grandes conquistas como essa, minha amiga! Obrigado pelo carreto e companhia.
Encerrei a comemoração em dose dupla do aniversário de SP com dois resultados
que achei bem aquém da minha (limitada) capacidade. Se um interferiu no outro,
o que tendo a achar que aconteceu, nunca saberei ao certo. Mas cumpri os meus
objetivos principais: saí do arroz com
feijão, fiz algo diferente e digno de nota (a notícia foi parar até no site
GloboEsporte.com),
tive uma manhã muito divertida e, mantendo o bom senso, evitando excessos e me
expor ao risco de lesões, provei a mim mesmo que, mesmo longe da minha melhor
forma e apenas no começo dos treinos para uma nova temporada de corridas, posso
encarar desafios dos bons. Os próximos estão por vir.
Percurso:
Gostei:
de ter sido selecionado novamente, do estacionamento do próprio prédio
disponível para os participantes, das baterias com menos participantes, da
escadaria mais ampla e com degraus maiores
Não
gostei:
da falta do “open bar”
pós-prova, da falta da fita de chegada, da diferenciação entre elite e amadores
no percurso, do atraso para a largada
Avaliação: (1-péssimo 2-ruim 3-regular 4-bom 5-excelente)
Média: 4,15
Viagem:
Veja também:
- Inscrição: 5 (gratuita, pela internet, com processo de seleção)
- Retirada do kit pré-prova: 4,5 (fila pequena, pouca burocracia, não implicaram com o meu atestado)
- Largada: 4 (atraso grande, melhor planejamento na divisão das baterias)
- Hidratação: 5 (distribuída antes, no topo e na descida)
- Percurso: 5 (essa escadaria é bem melhor para o esporte que a do outro prédio)
- Sinalização: 4,5 (faltaram as placas especiais com mensagens de incentivo da edição anterior)
- Segurança/Isolamento do percurso: - (não é o caso)
- Participação do público: - (idem)
- Chegada/Dispersão: 4 (o tal corredor com desvio não foi muito legal; senti falta da faixa de chegada)
- Entrega do kit pós-prova: 5 (sem problemas)
- Qualidade do kit pós-prova: 1 (para quem deu um banquete da outra vez, água e palitos salgados antes ficou meio com cara de miserê)
- Camiseta: 3 (pequena e bem inferior à da edição anterior)
- Medalha: 4 (bonita, mas idêntica à anterior, só mudando o ano)
- Divulgação dos resultados: 4 (no mesmo dia, só por categoria)
123 km, 4 pedágios (Jacareí, Parateí)
BR-116 (Dutra)
O relato do Claudio Rinaldo
O relato do Nishi
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