Meia Maratona Internacional de São Paulo
2012
http://www.meiamaratonadesaopaulo.com.br
Geral: 208ª corrida 2012: 8ª corrida
Data: 04/03/2012 –
7h31min (domingo)
Local: Praça Charles
Miller – Pacaembu – São Paulo/SP
Distância: 20,890 km
(19ª)
Tempo: 1:55:58
(líquido) e 1:57:40 (bruto)
Velocidade Média: 10,81 km/h (3 m/s) Passo: 5:33(1,03%)
Pontos
(Tabela Húngara):
158
Temperatura: sol entre nuvens, 22ºC a 26ºC
Valor da Inscrição: R$ 55,00
Número de peito: 4976
Tênis:
Asics
Gel Equation branco (3)
Colocações:
Geral: 2582º (de 5476) 47,15%
Masculino: 2409º (de 4693) 51,33%
Categoria 40-44 anos: 424º (de 779) 54,43%
Resultado na Web:
Medalha:
Camiseta: poliamida,
Adidas
Foto:
Vídeo:
Relato:
Passam-se os anos (já estou na oitava temporada), as corridas vão se
acumulando (já são 208 com essa), mas esse nosso esporte continua exercendo sobre
mim o mesmo fascínio de sempre. Depois de uma folga compulsória com quase um
mês de duração, por absoluta falta de eventos no calendário da região (exceto a
do sábado de carnaval), eis-me aqui, feliz e empolgado de volta às pistas. A
pausa foi longa, mas útil. Foram bons e produtivos os treinos neste ínterim.
Trouxeram confiança suficiente até para pensar em uma meta ousada: bater o meu
recorde pessoal. Não o dos 21 km, obtidos no já remoto ano de 2006, com ajuda
dos cinco anos a menos na idade e de alguns quilogramas a menos na pochete. Mas ao menos o da prova. Haviam
sido quatro as tentativas anteriores, em cinco possíveis, desde a primeira
edição da meia paulistana. A melhor marca entre elas, modestas 1h56min em 2010.
As demais, todas fracas, supra-2h. Aliás, tinha sido essa a minha última meia
maratona concluída abaixo desse limite. Desde então, outras cinco corridas da
distância bateram na trave... Ou passaram sobre o travessão, tal qual um chutão
do Roberto Baggio.
Cheguei até a cogitar um W.O.
nessa sexta edição. As vendas do livro
parece que empacaram (snif!), a verba
anda ainda mais curta que de costume. O valor das inscrições, embora abaixo da
média da concorrência e ainda com boa relação custo x benefício, tem aumentado
progressivamente (2007 a
2009 – R$ 35; 2010 – R$ 40; 2011 – R$ 45; 2012 – R$ 55). Mas acabei
convencido pela lista de passageiros ilustres que me acompanhariam na
empreitada. Seria a estreia de bons companheiros de equipe e amigos no
admirável mundo das longas distâncias. E mais um desafio na trajetória de
outros tantos que já tinham algumas no currículo. Ficar de fora me deixaria
meio deprê.
A mudança no horário da largada, antecipada em meia hora em relação aos
anos anteriores, seria benéfica em quase todos os aspectos. Menos um. Acordar
antes das quatro da madrugada é dose. Você consegue dormir cedo? Sorte
sua! Eu não... Foi curta à beça a noite. Quando o despertador tocou, eu tinha meio quilo de areia em cada pálpebra.
Quase puxei o lençol de volta... Como o meio de transporte, desta feita, seria
compartilhado com colegas de outras equipes, inauguramos um novo ponto de
parada, velho conhecido meu e bem mais perto de casa, o Centro Poliesportivo
João do Pulo. Gostei da ideia. E também da pontualidade. Logo estávamos na
estrada a caminho da Paulicéia.
Quer dormir no busão? Viaje com
outra patota... A nossa é composta por várias espécies de psitáceas.
Assim que é bom. Bater papo distrai, faz o tempo passar e a cabeça esquecer da
ideia fixa. Ansiedade faz parte. No dia em que uma prova importante não der
mais friozinho na barriga, vou escalar montanhas ou fazer coisa que o valha.
Quando vimos, já estávamos na Marginal Tietê, pegando a ponte da Casa Verde.
Chegar cedo e não pegar as vias próximas interditadas foi de grande valia.
Paramos em uma das laterais do estádio, foi só descer a escadinha dessa vez.
Bem melhor que a ladeira, perto da placa do km 1, do ano passado.
O visual da praça já começando a ficar tomada por corredores(as) era muito
bonito. E feliz fiquei de encontrar, entre aquela verdadeira multidão, tantos
bons amigos, uns da velha guarda, outros
que só conhecia até então pela tela do computador. Vou ter, outra vez, o
cuidado de não citar nomes, pois seguramente acabaria omitindo alguns (ou talvez
vários). Mas foram inúmeros hoje os cumprimentos, os incentivos trocados, os
abraços. Receber essa atenção e esse carinho dos companheiros de esporte é algo
realmente magnífico. Esse meio das corridas de rua é mesmo diferenciado e
especial.
Apesar do tempo hábil parecer extenso (kits e chips de toda a equipe haviam
sido retirados na véspera pelos amigos Wagner, Tania e Zebra), tratei logo de
providenciar os últimos rituais pré-prova. Guardei a mochila, pesada, contendo
algumas encomendas de exemplares de Melhor
que o caminho é o caminhar, no guarda-volumes. Peguei a fila da casinha (no ano anterior deixara para a
última hora e ouvira a buzina soar lá de dentro!). E fui garantir, fita amarela
no pulso, meu lugar no grid, antes
que tumultuasse e complicasse tudo. Pulei o aquecimento com o Toninho. O
veterano, se deixarem, aquece 22 km antes de correr os 21...
Liberado na hora certa, desejei boa prova ao também maluco do asfalto Edilson ao meu lado e, pela primeira vez em todas
as minhas corridas, portando fones de ouvido (estou usando e testando um novo gadget para corredores, o Motorola
MotoACTV, sobre o qual escreverei um artigo na próxima semana), comecei meu
caminho rumo à tentativa de bater a marca de dois anos antes. A semana havia
sido tórrida, com o dia mais quente do ano em seus meados. O dia nascera
indefinido, sem nos deixar saber se seria nublado, ensolarado, chuvoso ou um
pouco de cada coisa. Eu estava apostando na primeira hipótese. E nela me fiando
para o objetivo proposto.
O percurso havia sido divulgado dias antes no site oficial do evento, mas
eu não conseguira, ao menos não sem ajuda dos nativos especialistas, decifrar as mudanças sutis no novo trajeto.
O fato é que tudo começava como sempre: contornando o balãozinho no portão principal
do estádio e pegando os quase dois quilômetros da avenida que dá acesso a ele e
tem o seu mesmo nome. Tentei não me deixar levar pela batida sonora e dosar o ritmo inicial, porque o apetite era grande.
O primeiro quilômetro, dessa vez anunciado não pelo convencional bipe, mas por
uma melodiosa voz sintetizada feminina, seria concluído sem avistar a placa
equivalente, com um razoável tempo de 5’11’’. Que, se mantido como média, daria
a mim não só o recorde da prova, mas também da distância. Mas eu sabia que não
era para tanto também. Prudente, achei que o pedal em que pisara era o do freio. Estava redondamente enganado.
A segunda parcial, antes do viaduto por sobre o qual já passavam
corredores mais ligeiros, seria ouvida, essa com sinalização de quilometragem correspondente,
com aquela que seria a melhor marca de toda a minha corrida. 5’03’’ é um pace que eu venho conseguindo manter, no
máximo, em provas de 10 km ou quetais, como a recente em Osasco. Por mais que a
temperatura (ainda) estivesse agradável e que eu conhecesse bem as
características da prova, sabia que manter essa pegada era estratégia kamikaze. As duas guinadas
à esquerda para pegar aquela primeira subida (e também a primeira garrafinha
d’água) tratariam de colocar as coisas no seu devido lugar. A escalada rumo ao
elevado velho de guerra jogaria o ritmo do km 3 quase para a casa dos cinco e meio por um.
A primeira passagem pelo monstrengo
de concreto seria longa e chatinha, cruzando quase toda a sua extensão. O
retorno nele só iria aparecer no quinto quilômetro. Mas, até lá, antes do
grampo chegar, as duas parciais seriam surpreendentemente boas: 5’08’’ no km 4
e 5’06’’ no km 5. Seria possível manter? O dogma
dizia que não. Mas eu começava a perder a fé cega nele. Passara pela colega de
equipe Roseli, aconselhando que ela dosasse o ritmo, pois começara numa passada
quase alucinante. Mas conseguiria eu controlar a minha própria?
Na pista oposta do Minhocão, tentei achar uma cadência um pouco mais
leve, mas que não fizesse aquele bom e benéfico entusiasmo se perder. A comadre do relógio anunciou um 5’11’’ no
km 6 e eu imaginei que tivesse encontrado o mapa da mina. Deixei o elevado enlevado,
começando a acreditar num dia fantástico, daqueles que valem quase um capítulo
inteiro para o segundo livro (será?). Ganhei as ruas do centro velho disposto a
continuar fazendo por merecer isso.
Mas, estranhamente, veria o ritmo cair sem maiores explicações. Seria o
calor aumentando? Seria aquela rampinha da Rua Helvétia até a Barão de Limeira?
Sei lá! Mas não gostei nada de ouvir a mocinha
soprando 5’24’’ no ouvido. Apertei o passo novamente e, depois de compreender qual
era a primeira alteração do percurso, um pequeno apêndice à direita na Avenida
Rio Branco, fiquei satisfeito com a recuperação, voltando a rodar na casa dos 5’10’’
no entorno da Sala São Paulo, quase chegando ao Parque da Luz e à comercial Rua
José Paulino. No final da própria, uma quedinha leve, mas confirmando que as
coisas estavam sob controle, com pace
de 5’13’’.
Só não sabia que esse nono quilômetro seria o último para comemorar.
Talvez (e provavelmente) eu tivesse superestimado o meu momento. Tenho feito
bons treinos, mas ainda não estou, visivelmente falando, na minha melhor forma.
Ainda há fôlego para recuperar e peso para perder antes de almejar novamente
boas performances. Antes mesmo da metade do caminho eu já começava a perder rendimento.
Passar no km 10 com 52’ foi uma notícia bacana. Ouvir que a parcial dele foi de
5’48’’, nem um pouco. Murchei um bocado. Mas não podia desanimar. A meta era
flexível e ainda estava totalmente ao alcance. Bastava não botar tudo a perder
na segunda parte da prova.
Esse seria um belo desafio. A altimetria deste trecho final era mais
desafiadora, a temperatura agradável do começo já tinha ficado bem para trás.
Convencer o corpo a continuar em movimento e fazer acreditar que ainda valia a
pena era o mantra repetido (silenciosamente) à exaustão. Na estreita Rua
Conselheiro Nébias, o km 11 passou com 5’44’’. No Viaduto Rudge, o km 12 chegou
com 5’36’’. A descida, no fluxo contrário ao percurso da São Silvestre, era
mais longa que a subida. E deu uma breve reanimada, cheguei a marcar 5’19’’ no
km 13, na Rua Norma Gianotti. Mas a redenção era mesmo ilusória. O posto de
isotônico, como quase sempre, falhou feio na distribuição, fazendo quase todo mundo
parar e esperar seu (fundo de) copinho. Essa perda de tempo refletiu num novo 5’48’’
no km 14, chegando ao Viaduto Pacaembu e ao Memorial da América Latina. O
pequeno ziguezague pela Barra Funda até que deu um novo alento, uma parcial de
5’28’’ no km 15. Mas a pá de cal definitiva viria na subida da Rua Tagipuru,
rumo à segunda passagem do dia pelo Minhocão. Quase deu game over. Aqueles 6’18’’ foram simplesmente desoladores.
Contudo, se existe algo que as corridas de longa distância me ensinaram,
foi a me virar com o que tenho no momento. Se já não tinha mais condições de correr
bem e forte como no princípio, que fizesse o que era possível, sem esmorecer de
vez. Se era perto dos 6 x 1 que dava para rodar, que assim fosse. Estabilizei
em modestos 5’55’’ e 5’56’’ nos km 17 e 18, no tobogãzinho do elevado. E despinguelei ladeira abaixo, não na toada
dos 4 x 1 como deveria, se tivesse pernas para tanto, mas com humildes 5’39’’ na rampa da Rua Marta.
Agora era só pegar o retão da Avenida Pacaembu e chegar.
Mas como são longos aqueles dois quilômetros finais. Passam um milhão de
coisas pela cabeça, inclusive uma quase irresistível vontade de andar. Quase.
Porque eu não andei, muito embora rodar a 5’57’’ possa ser bem parecido com
isso. Quando adentrei a Praça Charles Miller e acenei, respondendo à saudação dos
colegas joseenses do lado de fora do gradil, estava no fim das minhas forças. Passei
pelo pórtico erguendo os braços. A batalha tinha sido árdua e a sensação de
vencê-la, enfim, muito agradável. Nem conferi o cronômetro na hora. Botei a medalha
no pescoço, peguei a sacolinha sem olhar o seu conteúdo (tinha duas maçãs,
torrone, barrinha e um pacotinho com alguns pães de mel). E fui me reidratar, o
que era bem mais urgente. O isotônico, como no ano passado, estava quase no
fim. Dessa vez, pelo menos, ainda deu tempo de pegar a raspa do tacho. Água,
apesar de inexplicavelmente longe, ainda tinha de sobra. Bebi quase uma piscina
olímpica. Precisava.
Recomposto, fui conversar, tirar umas fotos com os amigos e encontrar os encomendantes do livro. Demorei tanto
que acabei atrasando a viagem de volta. Disseram até que
botaram o Tonico, o nosso sempre simpático Sr.
Atrasildo, para me rastrear, vejam só... Perdi até o megapiquenique patrocinado pela nossa companheira de equipe
Adriana, rainha dos lanches da região
norte da cidade. Mas estava contente assim mesmo. Achei que tivesse deixado
escapar o recorde da prova, mas, quando finalmente resolvi checar, vi que estava
errado. Por 33 segundos, depois corrigidos pela cronometragem oficial para
35, conseguira baixar a minha marca. Abri o sorrisão. Tinha perdido a chance de
fazer muito melhor, mas, de qualquer maneira, a meta inicial estava cumprida. Corrida,
tal qual uma boa novela (e também a vida real!), é assim mesmo: muitos altos e
baixos, mas, de vez em quando, alguns finais
felizes também.
A viagem de volta foi animada. Tirando o nosso Capitão Zebra, que mais
uma vez teve que abandonar a prova logo no começo, sentindo a panturrilha
(cuida disso, guerreiro, queremos te ver inteirão e voltando a brilhar, como
sempre!) e o Manoel, que logo no aquecimento acabou desistindo da prova, os malucos do asfalto estavam todos
satisfeitos com aquilo que haviam conseguido. Os estreantes fizeram muito bonito;
os veteranos idem, baixando quase todos as suas marcas pessoais. E o Diretor
Edward teve humildade e bom senso em reconhecer que não estava pronto para a
distância completa, curtindo com sabedoria aquilo que podia fazer no momento.
Tenho muito orgulho de todos os integrantes da família 100 Juízo. E mais ainda
de fazer parte dela.
Percurso:
Altimetria:
Gostei:
da antecipação da largada, das pequenas mudanças no percurso, da água em
garrafinhas
Não
gostei:
do funcionamento do posto de isotônico, da água pós-prova estar tão longe
da chegada
Links sobre a prova:
Avaliação: (1-péssimo 2-ruim 3-regular 4-bom 5-excelente)
- Inscrição: 4 (internet, boleto)
- Retirada do kit pré-prova: 4,5 (só antecipada, tranquila, segundo quem lá esteve)
- Acesso: 5 (chegamos cedo, pegamos a avenida ainda livre e paramos ao lado do estádio)
- Largada: 5 (pontual e sem tumulto)
- Hidratação: 4 (postos de água suficientes e bem distribuídos no trajeto, gostei das garrafinhas; o isotônico durante foi novamente ruim e deve ter faltado para quem chegou depois)
- Percurso: 4,5 (ainda segue enjoativo pelo trecho no elevado, mas já melhorou muito)
- Sinalização: 4,5 (tirando a primeira, que não vi, as demais estavam bem destacadas e com pouca diferença em relação ao GPS)
- Segurança/Isolamento do percurso: 5 (sem problemas)
- Participação do público: 4 (concentrado na largada/chegada)
- Chegada/Dispersão: 4,5 (tranquilas)
- Entrega do kit pós-prova: 4 (tirando a água, que deveria ser entregue junto e não distante daquela forma, sem maiores problemas)
- Qualidade do kit pós-prova: 4,5 (já foi melhor, mas esse ano até que estava nos conformes)
- Camiseta: 5 (manteve a tradição)
- Medalha: 3,5 (grande e com data, mas não gostei do estilo; a minha já feio com traços de ferrugem)
- Divulgação dos resultados: 4,75 (no mesmo dia, com tempo líquido; sigo preferindo o formato de lista, mas a pesquisa até que funciona direito)
Média: 4,45
Viagem:
95 km, 4 pedágios (Jacareí, Parateí)
BR-116 (Dutra)
Veja também:
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